A palestra “Integração da saúde digital na rotina clínica” reuniu profissionais de clínicas médicas para debater o impacto das tecnologias para unificar o acesso às informações de atendimento.
Participaram do debate cinco representantes de instituições renomadas e crescentes no mercado: Felipe Folco (Cia da Consulta), Felipe Roitberg (Hospital Sírio Libanês), Sandro Nhaia (MedRoom), Emilio Puschmann (Amparo Saúde) e George Martinez (OncoClínicas).
Confira a seguir os tópicos que foram levantados!
Necessidade de reforço na cultura das instituições
As instituições participantes da mesa redonda investem na implantação de sistemas e ferramentas, mas o sistema de saúde como um todo enfrenta várias barreiras para chegar à integração no atendimento clínico.
O debate levantou como principal desafio a questão do aculturamento dos médicos em relação à tecnologia. Mesmo com a disponibilização das ferramentas, muitos profissionais ainda são resistentes, principalmente nas gerações mais tradicionais.
Entre os insights, os participantes citaram alguns gatilhos que podem ajudar a resolver a questão. Folco levantou a questão da usabilidade das ferramentas de saúde digital – é importante que elas tenham um template amigável para cada especialidade clínica e que as soluções estejam sempre em aprimoramento.
Ele reforça que os médicos precisam enxergam as tecnologias como benefício, focando na facilidade de encontrar os dados em vez da dificuldade de uso. As ferramentas precisam fazer sentido e serem pertinentes para cada grupo de usuários na especificidade.
Em adição, George pontua que atualmente há muito mais foco nos modelos sistêmicos do que na usabilidade – e isso precisa mudar. Os desenvolvedores precisam focar apresentar as informações mais importantes que a solução deve resolver.
Além disso, ele acredita que é preciso estimular o aculturamento de acordo com cada geração. Enquanto os profissionais da geração Millenium têm mais facilidade de adaptação, gerações anteriores precisam ter um modelo de treinamento presencial para entender como usar as ferramentas de saúde digital.
Enquanto a dificuldade é encaixar esses treinamentos na rotina do profissional, a sugestão de Sandro é deixá-los livres para agendar horários conforme a disponibilidade de agenda nos laboratórios.
Prontuário eletrônico e a integração dos dados
O foco da palestra é como tornar o sistema de saúde mais integrado a partir das tecnologias. Nesse sentido o assunto do momento é o prontuário eletrônico. Essa ferramenta tem o potencial de trazer muitos benefícios para o atendimento, porque mantém os dados do paciente atualizados.
No entanto, os convidados veem uma problemática na questão. Até pela questão da cultura entre os médicos, eles acreditam que ainda vai demorar muito para que possamos chegar a um sistema de saúde digital e integrada, onde os profissionais possam ter acesso a dados de consultas prévias dos pacientes.
Folco pontua que muitos médicos ainda sentem receio de disponibilizar as informações das consultas em um prontuário aberto, mesmo que o paciente detenha a posse dos dados. Por isso, o aculturamento é tão importante. Só a partir de uma mudança de percepção, será possível chegar a um sistema integrado, onde o histórico do paciente possa ser usado para uma melhor eficiência do atendimento.
Para complementar, Emilio ressalva que os médicos precisam aprender a confiar mais uns nos outros para que possa haver a troca de dados. Ele acredita que o uso de repositórios para alimentar os prontuários é um caminho interessante para proporcionar mais segurança às informações. Assim, o sistema de saúde poderá evitar desperdícios de exames repetidos e a falta de comunicação entre os prestadores de saúde.
Realidade aumentada e o ensino médico
A realidade aumentada também teve um breve destaque no debate sobre integração da saúde digital. Essa ferramenta ajuda no ensino de estudantes e médicos, até para entender as novas ferramentas para o trabalho clínico.
Sandro tem projetos de ensino e acredita que essa solução ajuda bastante no aprendizado, mas refuta que nem sempre é necessária. Os conteúdos também podem ser assimilados por outras plataformas, como podcasts e vídeos.
A partir da gamificação, é possível criar variações do aprendizado, retomando a questão da personalização para cada especialização. Ele enxerga que, embora haja similaridades no processo de atendimento, o profissional precisa estar preparado para lidar com as especificidades de cada caso.
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