Mais integração e a padronização dos pacotes de dados são os principais desafios do setor de saúde para derrubar as barreiras dos silos de informação e se beneficiar do uso de Big Data na cadeia médica.
Esse foi o cerne do painel Silos x Big Data, que ocorreu no Health Innovation Show 2019, realizado em setembro na capital paulista.
Moderada por Enrico de Vettori, sócio-líder da indústria de Life Sciences & Health Care da Deloitte, a conversa contou com Rafael Gomes de Castro, presidente da Unimed Petrópolis; Maurício Cerri, superintendente de TI da Faculdade de Engenharia de São Paulo (FESP); Orestes Pullin, presidente da Unimed do Brasil, e Mercia Cabrera, executiva de Clientes da Cerner.
Contexto atual e o HITECH Act
A integração e o compartilhamento de dados entre os agentes da cadeia brasileira de Saúde – como operadoras, hospitais e médicos – são grandes desafios de cultura e tecnologia.
Como exemplo bem sucedido nesse sentido, Cabrera citou o HITECH Act, medida dos Estados Unidos para unificar as bases de informação dos principais hospitais no país.
Em linhas gerais, o governo americano estabeleceu indicadores de qualidade para as instituições de saúde, conferindo um certificado àquelas que cumpriam os pré-requisitos em cada tópico. Essas, por sua vez, obtinham o direito de requerer investimentos públicos para modernizar sua infraestrutura e participar do programa.
O que difere do que ocorreu lá do atual cenário brasileiro é que aqui o protagonismo parte das empresas particulares, enquanto os norte-americanos tiveram apoio público. Outra diferença está na maturidade do sistema, que já contava com medidas estruturais que favoreceram a entrada de soluções voltadas à gestão de saúde pública.
Contudo, a perspectiva é positiva: Cabrera avalia o ritmo de investimento em tecnologia das instituições brasileiras com bons olhos, e afirma que em pouco tempo conseguiremos atingir esse nível de maturidade.
Case Unimed
Um exemplo que corrobora com essa visão otimista é o trabalho da Unimed. Pullin compartilhou que a troca de experiências com os parceiros tecnológicos dos hospitais da rede os motivou a estabelecer padrões para os pacotes de dados.
A partir desta infraestrutura, foi possível criar um barramento nacional, possibilitando o desenvolvimento de um grande banco de dados.
De acordo com Pullin, o próximo passo é o investimento na contratação de cientistas de dados, visando analisar esse volume de informações e estabelecer uma base para seu uso no desenvolvimento de soluções de Inteligência Artificial.
E a Lei Geral de Proteção de Dados?
Segundo Cerri, o principal desafio quando pensamos na adequação do uso de big data na Saúde à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é estabelecer um meio de atender os requisitos da legislação de forma que as informações sigam um fluxo fluido até a ponta do processo, que é o cuidado com o paciente.
Além dos aspectos tecnológicos, o superintendente de TI da FESP enxerga um entrave cultural nesse esforço, visto a coleta ainda manual dos dados de paciente pelos médicos e a falta de consciência sobre a responsabilidade de manter a segurança e privacidade sobre essas informações.
Ele conta que lá no Estados Unidos essa barreira é bem menor, já que os médicos, por exemplo, tem por cultura resguardar os nomes numa eventual troca de casos entre seus pares.
“Chega um momento em que a tecnologia está tão próxima ao core do negócio que é capaz de transformá-lo”
Os benefícios de contar com uma base de dados para direcionar decisões desde a gestão até o cuidado do paciente foi unânime na mesa de discussão.
A necessidade de abraçá-la também. Para Pullin, é nítida a insustentabilidade dos modelos atuais e a tecnologia apresenta um meio de solucionar essa questão.
E você? Qual sua opinião sobre o assunto? Deixe nos comentários e acompanhe nossa cobertura do HIS 2019!